segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Japão precisa de 10 milhões de imigrantes nos próximos 50 anos ou entrará em colapso, diz especialista

Exploração de trabalhadores chineses traz à tona questão da imigração

Japão precisa de 10 milhões de imigrantes nos próximos 50 anos ou entrará em colapso, diz especialistaOs meios de comunicação japoneses difundem profundamente que o número de turistas chineses cresceu quase 75% em outubro, enquanto as grandes empresas aproveitam o aumento das vendas impulsionado pela crescente demanda de visitantes do gigante asiático.

No entanto, existe uma outra realidade que envolve os cidadãos chineses no Japão, que recebe apenas uma simples atenção midiática. A Associated Press relata a história de um jovem trabalhador cuja situação está longe da de seus prósperos compatriotas que fazem turismo.

Entusiasmado com a oportunidade de triplicar sua renda trabalhando durante três anos no Japão, o jovem trabalhador Wang Zhi Ming deixou seu país Natal, a China, depois de gastar 7.300 dólares para cobrir os custos de viagem e colocação. A realidade que encontrou foi outra. Wang se alistou num programa de capacitação para estrangeiros criado em 1993 que na prática pouco se parece com o que é proposto no papel.

Wang foi designado a uma grande loja de departamentos, onde tinha que encher caixas com roupas, brinquedos e outros produtos. Seu chefe se recusou a fornecer um contrato de trabalho por mês e reteve seu salário.

Quando o chinês e outros trabalhadores estrangeiros se queixaram da situação, o empregador disse que se eles não estavam satisfeitos com suas condições poderiam ir embora. Wang afirma que não tinha outra opção a não se ficar, pois precisava recuperar seu investimento e não tinha moral para regressar à sua casa e contar para sua família que não tinha os 40 mil dólares que pretendia ganhar nos três anos de trabalho no Japão.

Controverso programa de capacitação
O programa de capacitação e treinamento tem como objetivo teórico melhorar a capacidade técnica de trabalhadores de países como a China e Vietnã, mas na prática, se torna, às vezes, uma fonte de mão-de-obra barata.

Oito trabalhadores estrangeiros do mencionado programa, entrevistados pela AP, garantem que foram enganados em relação a remuneração,forçados a fazer horas extras e pagar altas quantias de dinheiro pelo aluguel de alojamentos em péssimas condições.

A história de Wang coloca em evidência a precariedade trabalhista de um mercado como o japonês que diante do envelhecimento da população e a redução da força de trabalho contrata estrangeiros a quem muitas vezes não ofece condições mínimas de um emprego.

Shoichi Ibusuki, um advogado que defende trabalhadores estrangeiros, declarou a AP que o programa de treinamento é descrito como uma forma de transferir tecnologia e reforçar o papel do Japão como um país solidário, quando na realidade muitas pessoas trabalham em condições de escravidão. A situação de pessoas como Wang traz novamente à tona a questão dos imigrantes estrangeiros.

Redução da força de trabalho
Algumas vozes argumentam que o Japão deveria reconsiderar a sua resistência à imigração, pois ela é vital para a sua sobrevivência econômica. Um estudo do governamento estima que a força de trabalho no Japão, afetada pelo envelhecimento da população e baixa taxa de natalidade, seria reduzida para 44 milhões no próximo meio século.

Os estrangeiros e imigrantes de primeira geração representam menos de 2% da força de trabalho do país, média distante dos 14,2% nos Estados Unidos e 11,7% na Alemanha, para citar alguns exemplos.

Vários setores, inclusive os sindicatos pedem que o controverso programa de capacitação seja substituído por um sistema formal de emprego para trabalhadores estrangeiros, com o propósito de lidar com a escassez de mão-de-obra não-qualificada e à relutância dos jovens japoneses a executar trabalhos difíceis, sujos ou perigosos.

Imigração seria a “salvação”
Hidenori Sakanaka, ex-chefe do Departamento de Imigração de Tóquio, garante que o Japão “precisa de 10 milhões de imigrantes nos próximos 50 anos, ou a economia entrará em colapso”.

"Essa é realmente a nossa única salvação", diz Sakanaka. "Nós devemos permitir (que os estrangeiros) entrem no país assumindo que podem converter-se em residentes do Japão”. No entanto, é pouco provável que isso ocorra num país onde a imigração é percebida como uma ameaça a harmonia social, conforme a AP.

Mais de 20 anos atrás, o Japão começou a conceder vistos especiais aos latino-americanos com ascedência japonesa, mas muitos não puderam adaptar-se a terra de seus antepassados. Além disso, após a eclosão da crise financeira global em 2008, o país ofereceu-lhes dinheiro para que retornassem aos seus países de origem.
Fonte: IPC Digital

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Comunidade prefere auto-escolas brasileiras

Visando melhores oportunidades de emprego e conforto no dia-a-dia, não é raro encontrar brasileiros que planejam tirar ou que já possuem a carteira de habilitação japonesa. Mas, para muitos, a principal dificuldade é em relação ao idioma, já que os testes teóricos, em grande parte dos Centros de Trânsito (menkyo senta), são aplicados somente em japonês.

Uma alternativa para quem não domina a língua são as auto-escolas brasileiras. Elas oferecem aprendizado facilitado e específico aos brasileiros e chegam a ensinar até a leitura e escrita do hiragana e katakana. "Quem tira a carteira japonesa tem muito a ganhar, já que é uma chance de aperfeiçoar o japonês e uma oportunidade para conseguir um emprego melhor", justifica Claudete Wachi, proprietária da World School, de Gyoda (Saitama), que está há 10 anos no mercado.

Força de vontade é o que não falta para Fábio Tanaka Ferreira, 25, de Kure (Hiroshima). Determinado a tirar a carteira de habilitação japonesa, Ferreira pediu licença do trabalho e viajou mais de cinco horas até chegar em Saitama. Mesmo com as despesas da viagem e estadia, ele garante que a habilitação sairá mais barata do que se fosse tirada em uma auto-escola japonesa. "Onde moro não há esse tipo de serviço para os brasileiros, como sei pouco o japonês, resolvi vir para cá pelas facilidades e também por causa do custo", diz. "Pensei que seria mais difícil, mas as instrutoras explicam em detalhes e dá para entender sem problemas", completa.

Outro que optou pela auto-escola brasileira por causa do idioma é Alexandre Hokoma, 19, de Isesaki (Gunma). "As provas são todas em japonês, mas como os professores explicam de forma simples, foi fácil de entender", justifica o brasileiro, que iniciou o curso há dois meses.

O material utilizado é o mesmo das auto-escolas japonesas. A diferença é que cada escola possui uma metodologia de ensino diferente. "Queremos formar condutores conscientes e responsáveis", reforça Claudete, uma das primeiras brasileiras a conseguir a habilitação japonesa. "O importante não é só a carteira, mas também a segurança própria e a dos outros, por isso é muito importante aprender a legislação", afirma.

A duração do curso varia conforme a disponibilidade do aluno. A diferença é que as auto-escolas brasileiras não impõem uma quantidade mínima de aulas. Já as japonesas exigem frequência mínima de 33 horas de aulas teóricas e 33 horas de aulas práticas. Caso o aluno já saiba dirigir, na auto-escola brasileira ele não precisa freqüentar essa quantidade de horas, o que reduz o custo do curso. De acordo com a proprietária da World School, o valor do curso teórico é de ¥ 180 mil e cada aula teórica, ¥ 4 mil. "Nas auto-escolas japonesas o valor pode chegar até quase ¥ 300 mil, já que têm esse limite mínimo de aulas exigido. Isso sem contar que lá, o aluno precisa concluir tudo em seis meses, aqui nós não colocamos prazos."

Para tirar a carteira de habilitação no Japão, há uma bateria de quatro exames, todas realizadas no Centro de Trânsito. O primeiro exame é composto por um teste escrito com 50 questões. Com a aprovação dessa fase o aluno realiza uma prova prática, dentro do Centro de Trânsito. Ao passar por essa fase, ele recebe uma carteira provisória, o karimenkyo, que permite a condução de automóveis e assim a pessoa pode treinar na rua para a segunda prova prática. A terceira etapa é a prova teórica de 100 questões e por fim a prova prática, realizada nas ruas.

Karina Fujisaki, 27, de Isesaki (Gunma), começou a tirar a carteira há seis meses e está na última etapa dos exames. "Já fiz a prova três vezes. O nervosismo atrapalha muito e sempre esqueço de alguma coisa. Os policiais percebem isso e não passam. Eles querem que você tenha segurança naquilo que faz", diz.

Para ela, as aulas ajudaram também a melhorar o nível de conhecimento da língua japonesa. "Aqui posso continuar com o trabalho, além de enriquecer o meu vocabulário. Meu nível de japonês melhorou muito, hoje na fábrica entendo muitas coisas que não sabia."

Débora Yamamoto, proprietária da New Libras, de Oizumi (Gunma), afirma que a dificuldade maior está na prova prática. "A teoria é simples, a prova de volante é que é mais rigorosa", revela.

Conforme a proprietária da auto-escola, que atua há três anos na cidade, o nível de aprovação dos alunos é de 100% nas provas teóricas e 80% nas práticas. "A legislação é simples, são mais as regras de trânsito, placas e noções básicas de cidadania", salienta. "Percebemos que muitas pessoas sabem até ler e escrever, mas não compreendem o vocabulário técnico e aqui ensinamos todos esses termos e também a entender as questões", acrescenta.

carteira de habilitação no Japão
Carteira internacional
Uma dúvida comum é em relação à carteira internacional. Nesse caso, somente as carteiras emitidas pelos participantes do Tratado de Genebra são aceitas e reconhecidas no Japão. A validade dessas carteiras é somente de um ano. Depois disso, a pessoa precisa voltar para o país de origem para fazer a renovação e somente depois de três meses ela poderá retornar ao Japão e usar a carteira. No caso da carteira internacional emitida no Brasil, ela não possui validade no Japão.

Já para quem tem a carteira de habilitação do Brasil é possível fazer a transferência para a carteira de motorista japonesa. Nesse caso, o interessado também passa por um exame teórico - composto por 10 questões em português - e um teste prático, no circuito do centro de trânsito.

Carteira no Japão
Para obter a Carteira de Habilitação no Japão, o interessado deve freqüentar auto-escola, onde o aluno deve ter no mínimo 30 horas de aulas teóricas e 20 horas de aulas práticas. Depois de prestarem um primeiro teste na própria auto-escola, o aluno deve fazer pelo menos 20 horas de aulas práticas.

São realizados quatro exames. O primeiro é o teste teórico com 50 questões e o segundo, exame prático no circuito do centro de trânsito (menkyo center). Caso o aluno seja aprovado nessa fase, ele receberá uma carteira provisória (karimenkyo), que dá o direito do aluno treinar na rua, junto com alguém habilitado e que possua a carteira há mais de três anos, para a prova de trânsito. Após essa fase é feito o terceiro exame, que é o teste teórico com 100 questões e o exame prático no trânsito.

Em algumas cidades é possível fazer a prova em hiragana ou inglês. Quem já souber dirigir pode se apresentar diretamente ao centro de testes para exame escrito e prático.
Carteira de Habilitação no Japão
Transferência de Carteira
Para quem tem Carteira de Habilitação do Brasil é possível fazer a transferência para a carteira de motorista japonesa. Para isso existem essas exigências:
- Que tenham permanecido no Brasil por um período superior a três meses após a obtenção da carteira nacional de habilitação

- Que a carteira esteja no prazo de validade.

- Que seja aprovado no exame psicoténico, teórico e prático.

Documentos necessários:
- Carteira nacional de habilitação, acompanhada de tradução, que pode ser solicitada à Japan Automobile Federation (JAF).

- Passaporte (todos os passaportes, tanto os novos como os antigos, onde estão assinalados a entrada e a saída do Japão)

- Carteira de Registro de Estrangeiro (gaikokujin tooroku shoomeisho)

- 1 foto (3cm x 2,4cm) do rosto, sem chapéu e fundo branco, com validade de no máximo 6 meses

- O pagamento da carteira varia conforme o tipo
Fonte: IPC Digital